Valiant estava em sua casa em Thais descansando de suas jornadas anteriores quando um barulho perturbou sua tranquilidade, ele correu aos tropeços já tomando junto a si sua espada. A fonte do barulho parecia vir de sua porta que estava entreaberta com uma estranha marca dourada em forma de uma mão, ele intrigado se aproximou e a tocou, uma poderosa luz ocupou todo o ambiente e em um instante ele se viu na biblioteca de Fardos com Ele o observando.
– "Valiant… meu filho, aproxime-se", falou Fardos sabendo exatamente que ele chegaria neste momento.
Valiant, ainda confuso, caminhou em direção a Fardos e disse:
– "O que houve Senhor?"
Fardos criou uma forte neblina no centro do salão da enorme biblioteca e dela diversas imagens apareceram mostrando Iris, Hera, Riberus, Petros, Olga e Aerodus em Svargrond a caminho de Buddel, o barqueiro bêbado. Observando a face confusa de Valiant, Fardos disse:
– "Seus companheiros estão buscando por um sinal de Variphor que apareceu nas águas de Svargrond, não poderei aproximar-me daquele local com o risco de que minha energia ative o que pode ser um portal, talvez uma armadilha…"
– "A guerra é iminente Valiant, precisamos seguir com o plano e esta missão é para um só indivíduo, os Bonelords são rígidos, apenas um poderá entrar em seu esconderijo…"
Valiant olhou atentamente para Fardos, indicando claramente que estava pronto para receber sua missão, suas energias estavam totalmente renovadas e sua sede por uma nova aventura estava a flor da pele. Fardos prosseguiu com os detalhes técnicos:
– "Das raças que formaram a antiga aliança, até agora você e seus companheiros tiveram contato com os Shapers, lamento que de forma não muito amigável, e com os Dream Wardens, através de Marv… Chegou a vez de você conhecer os Bonelords…"
– "Não são quaisquer Bonelords, senão que uma antiga e isolada raça, eles nem ao menos falam seu idioma, basicamente a única forma de entendimento deles é sua linguagem própria, o chamado 469."
Valiant demonstrando em sua face a sua confusão parecia dizer: "E como eu me comunicarei com eles?". Fardos sorriu, se aproximou e disse:
– "Comunicação não será um problema meu filho, você saberá exatamente o que dizer no momento certo… aliás, você se surpreenderá."
Valiant em euforia disse:
– "Eu aprenderei o 469 finalmente??? Como assim? Ele pode ser traduzido??"
– "O tempo te responderá, vá com calma meu filho", respondeu Fardos mostrando um sorriso, e prosseguiu:
– "Agora arrume suas coisas e vá ao local conhecido como Hellgate, aliás, creio que você já conhece este local, busque pelo guardião da biblioteca, somente ele poderá levá-lo ao esconderijo."
Valiant voltou a sua casa, recolheu suprimento e partiu de navio para Ab'dendriel. O caminho longo e já familiar foi fácil e logo estava ele dentro do local conhecido como Hellgate na biblioteca repleta de livros incompreensíveis, o bonelord bibliotecário o observou e disse:
– "Quem é você, o que faz aqui humano?"
Valiant, já esperando tal reação disse:
– "Sou Valiant, estou aqui em nome de Fardos, nosso criador."
486486 olhou estranhamente para Valiant e se aproximou, falando:
– "Só se for seu criador… Repito, o que faz aqui humano?"
Nesse momento Valiant, indeciso de o que falar, sentiu uma poderosa aura de Fardos sobre seu corpo, e como se soubesse o que estava fazendo proferiu sua fala na estranha linguagem bonelord:
– "486486… Preciso entrar na poderosa e oculta cidade bonelord, e necessito que me leve até lá!"
O bibliotecário se assustou e gritou:
– "QUE! Você sabe a nossa linguagem?! Eu pensei que jamais veria isso em minha existência!…", ele deu as costas a Valiant e flutuou para mais longe, logo parou e voltou a falar:
– "A profecia… você está brincando com nossa profecia… ou ela está se cumprindo… Não é possível", ele desta vez flutuou em direção a Valiant e disse:
– "A menos que você já tenha conhecido nosso idioma antes, o que é improvável, você já saberia de nossa profecia, mas pela confusão em seu rosto é certo que você nem sabe do que estou falando…"
Valiant, confuso, disse:
– "486486, eu não conheço qualquer profecia, apenas estou falando contigo."
– "Está…, mas em 469, algo jamais visto em humanos", falou o bibliotecário.
Valiant ao escutar estas palavras mostrou um grande espanto, ele mal sabia o que estava fazendo de diferente, mas pelo menos estava funcionando, aproveitando a situação ele disse:
– "Exato, sou o primeiro, por isto te peço, me leve a sua cidade oculta."
486486 olhou atentamente para Valiant, levantou seus 4 olhos periféricos e disse:
– "Necrópolis, sim… Posso sentir… A profecia está se cumprindo… Será uma honra para mim levá-lo até a nossa grande cidade, aliás, minha função aqui está encerrada."
– "Encerrada?", respondeu Valiant, em dúvida.
– "Sim, humano. Minha única função aqui está em repor e manter os livros para que um dia encontrássemos o humano escolhido que conseguiria entender nosso idioma, a maioria vinha e apenas roubava os livros, mas você está aqui, o primeiro e único que a decifrou. Hellgate cumpriu seu objetivo, nós cumprimos, nosso posto de observação superou Hellheim… Hahahaha, espere até eu esfregar isso na cara deles!"
– "Certo, humano, eu o levarei. Mas como ainda preciso encerrar e desmontar esse posto, eu o deixarei você sozinho por lá, só tenha cuidado, os Bonelords anciões não estão acostumados a nada do mundo exterior e o atacarão, se a profecia estiver certa, não terás que ter medo, porque o escolhido não morrerá lá".
Valiant não pôde esconder o susto nas últimas palavras, mas ele aceitou ao estar certo de que seria o escolhido. 486486 conjurou uma magia, e faíscas de diferentes cores apareceram ao seu redor, ao mesmo tempo tudo pareceu girar e deformar-se, em um instante tudo estabilizou e estava Valiant em pé na praça central de Necrópolis.
– "INVASOR!" Gritou vários Bonelords que estavam próximos.
Valiant observou ao seu redor, milhares de Bonelords de cores diferentes começaram a aproximar-se e não pareciam dar as boas vindas. Grandes esqueletos fortemente armados romperam o cordão de isolamento de bonelords e partiram ao ataque contra Valiant, ele desembainhou rapidamente sua espada e entre vários golpes e após derrotas alguns esqueletos berrou:
– "PAREM, EU VIM EM PAZ!"
Todos se assustaram, não bastava um humano haver entrado em sua cidade, ele ainda falava o idioma 469. Um dos bonelords, que parecia ter maior influência sobre todos os outros falou:
– "Você fala nosso idioma! Há mais de vocês?"
Valiant, recuperando seu fôlego, disse:
– "Somente eu, sou o único"
O bonelord se aproximou, com seus 2 esqueletos armados de guarda costas, apontou seus olhos periféricos a Valiant e disse:
– "486486 que te enviou? Ou foi o 768568? Ele mencionou algo sobre uma profec…", Antes que terminasse a frase 486486 apareceu e surpreendeu a todos:
– "Ele é o escolhido, o único, Valiant…", enquanto falava se aproximava do imponente Bonelord que interrogava Valiant, e prosseguiu:
– "O momento chegou, a guerra está próxima… Se ele está aqui, se ele conseguiu desvendar nosso idioma, é por que há um propósito…"
– "E o que você acha que devemos fazer, 486486?", respondeu o imponente Bonelord.
486486 se aproximou de Valiant, o observou e virou-se novamente ao chefe Bonelord e disse:
– "Ele parece se enquadrar perfeitamente no poderoso conjunto ancião, deveríamos ao menos dar nosso melhor artefato. Não estamos falando de problemas usuais, mas sim o risco do fim de tudo, este humano necessitará de tudo que possuímos, e somente um verdadeiro bonelord poderá entender bem o inimigo, seja o que for esta ameaça…"
– "A ameaça que falam se chama Variphor, e sim, a guerra se aproxima", interrompeu Valiant.
– "Que? Variphor? Ele não pertence a nossa dimensão… Somente um louco pensaria em ajudá-lo a fazer o processo de conversão de dimensões", respondeu o imponente líder Bonelord.
– "Não só há loucos o suficiente como estão fazendo isto neste momento, preciso ajudar Fardos a impedi-los, e eu não sei porque estou aqui… Ainda…", respondeu Valiant, demonstrando estar perdido.
486486 se posicionou de forma que todos os bonelords que estavam juntos à grande praça pudessem entendê-lo
– "Eu sei porque você está aqui, não sou bibliotecário à toa, conheço as escrituras… Nossa profecia fala claramente que devemos entregar nossos melhores artefatos ao escolhido, e com eles ele poderá vencer a grande guerra!"
O imponente bonelord, líder de Necropolis finalmente falou:
– "Certo 486486, você está certo! Valiant, siga-me, não se preocupe com os olhos curiosos pelo caminho, você hoje é nossa estrela!"
Valiant então seguiu o líder Bonelord em silêncio pelas estranhas ruas de Necropolis, haviam ossos por todos os lados, vários andares do que parecia uma grande fenda entre 2 paredões com enormes janelas e sacadas feitas igualmente de ossos. Diferentes esqueletos trabalhando pela cidade chamavam a atenção, eram verdadeiros escravos, os reais construtores desta imensa cidade. Quanto mais seguiam pela rua, mais imponente as estruturas se tornavam, uma coisa parecia certa: estavam na área nobre da capital Bonelord. Uma enorme pirâmide ostentava ao fundo dando fim à grande rua, era justamente lá que o líder estava conduzindo Valiant.
Dentro da pirâmide eles passaram por diferentes corredores, mas um em especial parecia seguir muito além da estrutura da pirâmide, parecia claro que estavam entrando dentro do grande paredão. O piso escuro mudou para algo muito familiar a Valiant: um piso de ardósia, igual ao que ele encontrava apenas na biblioteca secreta de Zathroth. Com grande curiosidade pelo chão ele não percebeu que o Líder Bonelord havia parado e se assustou quando ele começou a falar:
– "Aqui está, Valiant… O portão que guarda o nosso artefato… Criado no início dos tempos pelos primeiros Bonelords e seus esqueletos anciões…", O líder bonelord se voltou a Valiant e continuou: "Nossa profecia diz que haverá um dia que um humano aprenderá o nosso idioma, e que isto significaria que uma guerra estaria para acontecer… Nós pensávamos que você era um invasor, mas realmente conhece nosso idioma perfeitamente, só pode ser você…"
Os 4 olhos laterais do líder Bonelord passaram a emitir uma forte luz, o chão começou a tremer e uma grande quantidade de poeira tomou o local, o enorme portão estava se abrindo. A sala dos artefatos se mostrou incrível: primeiro que não havia qualquer sinal de poeira, apesar de fechada a séculos ou milênios, as 6 estátuas bonelords no fundo acenderam imediatamente quando o líder bonelord se aproximou, e enormes pilares se erguiam no também enorme salão, seu piso era extremamente escuro e nele haviam partes dos pisos de ardósia antes vistos. Valiant ainda não podia ver onde estavam os artefatos. O bonelord piscou inúmeras vezes e um outro som rompeu o silêncio do local, os pilares estavam lentamente descendo. Foi neste ponto, quando o topo de tais pilares atingiu o campo de visão de Valiant, que ele viu o conjunto dos bonelords anciãos, haviam 12 peças que inundavam o ambiente com uma poderosa e ainda desconhecida energia.
– "Aqui está Valiant, o artefato… um uniforme de combate, vista-o e prepare-se para a guerra. Este conjunto foi criado para sofrer metamorfoses a depender do local e de quem o usa, sua energia interior definirá sua aparência, mas dependerá se o ambiente permite que ela se manifeste…"
Valiant então equipou uma a uma das peças, ao colocar o capacete por último percebeu uma grande luz, uma voz entrou em sua mente:
– "Meu filho… Valiant! Seguidor da luz, portador da armadura e conjunto do ouro mais brilhante. Eu sabia que você conseguiria, volte à biblioteca que sua próxima missão já o espera…"
Valiant não entendeu o motivo das palavras que claramente foram proferidas por Fardos, até olhar para sua armadura. Sua aparência de nada parecia com as peças bonelord que ele antes havia visto, senão que haviam mudado para o mais fino e brilhante ouro, todas as peças brilhavam e iluminavam o local de uma forma tão intensa que assustava a ele, e obviamente causaram a admiração pelo líder Bonelord, que disse:
– "Vá, siga as ordens de Fardos, toque nesses livros sobre estes pedestais, eles o levarão para seu destino, estão encantados para este fim, vença esta guerra!".
Valiant, empolgado com sua nova aparência brilhante, correu em direção aos livros e em um piscar de olhos estava novamente na biblioteca ao lado de Fardos.
– "Valiant! Sua nova aparência está esplêndida, mas ela cumprirá uma função muito importante de nossos próximos passos, logo você entenderá", respondeu Fardos em tom de grande alegria, e continuou:
– "Saiba que seus companheiros voltaram de sua jornada nos mares gelados de Svargrond, nada foi encontrado. Henricus obteve apoio de Spectulus, Sinclair e Telas para a criação de um mecanismo que permita verificar sinais de Variphor."
– "Esta é uma boa notícia, Senhor Fardos! E qual seria a missão na qual dissestes quando vesti o capacete bonelord?", respondeu rapidamente Valiant.
Fardos sorriu, conjurou uma cadeira para Valiant e disse:
– "Sente-se, que a história será longa e talvez perturbadora para você".
Valiant sentou-se e inspirou profundo, com certo nervosismo, ele já podia sentir que algo muito arriscado e perigoso estava por vir.
Continua…
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